sexta-feira, 15 de junho de 2012

CAPÍTULO 6 - O CONTATO


          Uma enorme multidão estava aglomerada no Parque do Ibirapuera próximo ao obelisco, todos estavam apreensivos pois sabiam que aquele seria o lugar em que a nave dos athylianos pousaria. As ruas estavam totalmente tomadas, não existia trânsito naquele lugar, apenas os carros da imprensa que estavam preparados para cobrir todos os acontecimentos daquele momento único na história da humanidade.
          As forças armadas estavam no local tentando garantir a segurança de todos, uma espécie de palco fora montado para que logo que os athylianos chegasse na Terra pudesse se pronunciar, eles faziam questão de falar com o povo e tentar fazer com que aquela situação acontecesse do modo mais natural possível.    Manifestantes de diversos segmentos religiosos se colocavam contra aquele acontecimento, pois acreditavam que aquilo era o sinal do fim do mundo, certamente eles seriam os anti cristo. O caos estava preste a acontecer, só era necessário um motivo para que aquela situação perdesse o controle.
          - Estamos aqui em frente do obelisco no Parque do Ibirapuera onde foi montado uma enorme estrutura para a recepção dos athylianos, nesse local acredita-se que Ísis, a líder desse povo, juntamente com os seus irmãos Mailon e Kailon se pronunciarão. - Falava a jornalista para a câmera. - O tempo está extremamente nublado desse modo é quase que impossível observar a chegada das naves a olhos nu, contudo sabe-se que logo que as naves entrarem e espaço aéreo terrestre uma escolta especial dará as coordenadas para os extraterrestres, todos os movimentos das naves estão sendo monitorados pelos nossos cientistas. A decisão de aceitar a entrada dos athylianos em solo terrestre deu-se devido aos últimos acontecimentos que comprometeram todos os sistemas de comunicação da Terra, ainda estamos sofrendo com as consequências desse acontecimento e os athylianos nos ofereceram ajuda para reverter a situação caótica em que o mundo se encontra. São exatamente 9 horas da manhã e a qualquer momento poderemos observar a chegada desses seres. Até então não sabemos como eles são, sua aparência, no site apresentado pelo governo não existem fotos disponíveis sobre...
          Naquele momento o colchão de nuvens que cobria o céu da capital paulista começou a se mover estranhamente, como se algo estivesse o comprimindo de cima para baixo, as nuvens começaram a se dissipar tornando-se cada vez mais fina até que se podia observar.
          - Senhores telespectadores, sim vocês estão observando as primeiras imagens da nave dos athylianos, se trata de uma nave enorme tão grande que cobre totalmente o espaço do parque do Ibirapuera. Esse espaço verde da cidade está totalmente coberto pela sombra da nave. É interessante porque a nave lembra muito uma enorme garça de metal cinza, logo ao centro da nave, existe um circulo que vaza a nave, onde algo como núcleo de energia branca flutua, não emite calor, apenas bilha como se fosse feito de eletricidade. - Falou outro repórter com um misto de medo e fascinação na voz.
          As pessoas ficaram paralisadas vendo aquele espetáculo, a enorme garça cinza de metal tinha inúmeros focos de luz, mas não era como a nossa iluminação, aquela luz parecia palpável, as pessoas ficaram hipnotizadas. A nave se aproximava vagarosamente, helicópteros das forças armadas a circundavam, mas eles pareciam moscas perto daquela gigantesca estrutura flutuante de metal.
          O silêncio estava em todos os lugares, não havia o que falar, apenas observar e tentar compreender o que estava acontecendo naquele lugar. Então a nave parou e ficou flutuando no ar, parecia que a gravidade não existia, ela estava leve como uma pluma não aparentava o peso que realmente tinha, dava a impressão que com apenas um toque de ponta de dedo ela poderia se mover. Um som parecido com algum instrumento baixo de sopro ouvira-se, como se ar comprimido estivesse saindo da nave, algum tipo de sistema de compressão, algumas pessoas se assustaram com barulho e caíram no chão.
          Um momento de silêncio acontecera, o carro oficial da presidente Sílvia aproximava-se da estrutura que recepcionaria os líderes dos athylianos, o carro parou, a porta abrira-se e seis seguranças a escoltaram até o local do encontro, todos aplaudiram a presidente que retribuíra com um aceno de mão. A presidente aproximara-se do mesa onde estavam os microfones, sentou-se e disse.
          - Caríssimos brasileiros e brasileiras há alguns minutos atrás eu conversei com Ísis, a líder do povo que estamos recepcionando. Ela me disse que está nervosa e muito feliz com esse contato. Eu peço que a ordem se mantenha, vamos ouvir o que eles querem nos dizer e depois tomaremos as nossas conclusões. Todas as decisões não serão isoladas, vocês conheceram todos os passos que daremos. Esse contato também está acontecendo em Washington, Londres, Paris e Pequim, representantes dos athylianos estão nesses locais com naves iguais a essa que estamos vendo, o contato será ao mesmo tempo em todos os lugares.
          Anderson, o acessor direto da presidente aproximou-se, falou ao seu ouvido e a presidente continuou. - Senhoras e senhores olhem para cima, Ísis juntamente com a sua comitiva estão se aproximando.
          Uma nave do tamanho de um avião de pequeno porte no formato triangular saíra de uma espécie de doca na lateral da nave mãe, essa aproximara-se vagarosamente e pousara em um espaço aberto ao lado do palco, um momento deu-se e a porta se abriu. Alguns homens vestidos com ternos na cor chumbo saíram da nave, certamente se tratavam de seguranças. Agentes especiais do exército aproximaram-se e eles conversaram por um momento, não existia medo naquele cenário, apenas um certo clima de tensão. Logo em seguida dois homens idênticos saíram de dentro da nave e logo atrás uma mulher, tanto os dois homens quando a mulher eram loiros, olhos claros e altos. Os homens trajavam ternos pretos, camisa branca e gravatas, e a mulher vestia um vestido simples na cor creme que chegava um pouco acima dos joelhos e por cima um taier na mesma cor.
          Aparentemente os athylianos eram iguais aos seres humanos, ambos os seres eram iguais fisicamente. Eles se aproximavam com um discreto sorriso, observavam tudo como se fossem crianças maravilhadas em um parque de diversão, subiram no palco, os dois homens cumprimentaram a presidente e os líderes militares que ali estavam e logo em seguida a mulher repetiu o mesmo ritual.
          A presidente e a mulher trocaram algumas palavras e logo em seguida a presidente indicou o local onde estavam os microfones, a mulher aproximou-se, contemplou o povo que estava ali, observou as câmeras de televisão e disse:
          - Como é bom estar aqui. - Deu uma breve pausa. - Meu nome é Ísis e juntamente com os meus irmãos Maion e Kailon lideramos o nosso povo. Para nós esse é um momento de muita felicidade, pois achávamos que estávamos sozinhos nesse infinito espaço, contudo em meados de 1945 recebemos uma espécie de sinal nuclear vindo do seu sistema solar. Ficamos intrigados com aquele sinal e enviamos alguns pesquisadores para tentar descobrir do que se tratava, logo em seguida descobrimos que aquele sinal radioativo se tratava de uma bomba nuclear que fora lançada nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. Nós ficamos apreensivos com aquilo, mas mesmo assim estávamos muito curiosos sobre aquela descoberta que havíamos feito, não estávamos sozinho e isso nos causou muito interesse, pois acreditamos na troca de culturas e no crescimento através do conhecimento do próximo.
          Ísis sorriu apresentando traços de emoção. - Nós já passamos por muitas guerras também, não pensem que nós não temos um passado de conflitos dos quais nos envergonhamos, sim nós o temos. Contudo um acontecimento natural fez com que os povos da minha terra se unissem e colocassem as diferenças de lado. O nosso Sol começou a apagar e as nossas condições de sobrevivência tornaram-se cada dia mais difíceis, não tivemos outra alternativa senão nos juntarmos e começarmos a pensar no bem maior de todos. Decidimos então acabar com as fronteiras que tínhamos, os países foram substituídos por apenas um único povo, um povo unido onde o bem maior era a nossa prioridade, sempre. Meus irmãos, juntamente comigo somos líderes pela permissão do meu povo, mas temos a noção que esse "status" não é um privilégio, mas uma missão perpétua no comprometido da garantia de uma nação justa, solidária e pacífica. Somos líderes por escolha do nosso povo e somos gratos por isso.
          Ísis olhou para a presidente e pediu para que se aproximasse, ambas ficaram lado a lado e Ísis continuou. - De todo os países nós escolhemos o Brasil como a nossa sede principal por causa da história desse povo, vocês que se mostram tão pacífico e acolhedores. Estamos felizes por estarmos aqui e queremos aprender muito com vocês, na nossa visão não existe civilização superior e outra inferior, somos diferentes e isso faz com que tenhamos um interesse maior em conhecer essas diferenças e no final entendermos que temos muito em comum também. Em nenhum momento pensamos em fazer mal a nenhum ser desse planeta, pois vocês são muito importantes para nós, vocês são nossos vizinhos, os vizinhos que estamos visitando e queremos conhecer para podermos estabelecer uma relação de amizade e fidelidade eterna. Nós viemos em paz e a qualquer momento que vocês e seus líderes entenderem que nossa estada aqui não é interessante, partiremos do mesmo modo que chegamos.
          A líder dos athylianos acenou para um dos seus conselheiros e esse a entregou um pequena caixa preta, ela a abriu e retirou um anel feito com um metal escuro intricadamente trabalhado como se fosse uma jóia celta. - Esse anel simboliza a nossa aliança com vocês, nessa aliança nos comprometemos com a paz, a justiça e a solidariedade ao próximo, e eu entrego esse anel à líder de vocês, a presidente Sílvia. Eu espero que possamos ser amigas, assim como conto com amizade de todos os seres humanos, eu repito estamos em paz e teremos tempo para provar que nossas intenções são as mais nobres possíveis. Muito obrigada a todos.
          A presidente recebeu o anel, colocou-o no dedo e mostrou para as pessoas que ali estavam, todos aplaudiram vigorosamente, pois as pessoas estavam crédulas quanto às palavras de Ísis. Ambas as líderes se abraçaram e acenaram para o público, Ísis voltou ao microfone e disse: - Não temos nada para esconder, eu sei que vocês tem um site a nosso respeito e eu me comprometo no sentido que nossos especialistas estarão a disposição de todos para os devidos esclarecimentos com relação ao nosso modo de vida e quem realmente somos. Não nos queiram mal, porque nós não os queremos mal.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

CAPÍTULO 5 - MEDIDAS EXTREMAS


          - O que nós sabemos até então é que esse apagão aconteceu no mundo inteiro, é isso? - Perguntou Ana para os demais que estavam na sala de reuniões, naquele lugar estavam Antônio, André e também haviam 4 monitores transmitindo a imagem dos representantes do Círculo nas cidades onde as naves pousariam.
          - Exatamente, Ana. - Respondeu Antônio. - A falta de comunicação foi global, por 3 minutos nós ficamos sem saber o que aconteceu na Terra. Isso seria tempo suficiente para acontecer qualquer coisa, até mesmo uma invasão cega.
          - Você acredita que os extraterrestres se aproveitaram disso para poder nos acessar? - Questionou André.
          Antônio olhou para André e disse: - Eu vou mais além meu amigo, acredito que os extraterrestres causaram isso para poder entrar na Terra sem que saibamos.
          Uma voz de uns dos monitores solicitou permissão para falar e Ana consentiu. - Nós recebemos algumas informações da agência espacial e eles acreditam que é praticamente impossível o fenômeno acontecido ter sido causado pelos athylianos, somente o Sol poderia causar uma alteração tão significativa como a que aconteceu. Os dados estão chegando e logo que possível eu passarei para você, Ana.
          - É de suma importância que... - Ana é interrompida por Adriana que entra na sala pedindo para que eles vissem o pronunciamento da presidente. Todos ficaram em silêncio e observaram o contagem regressiva.
          - Caros cidadãos brasileiros. - Pronunciou-se a presidente. - O mundo está enfrentando um desafio singular, em todos os lugares pode-se observar algum tipo de problema causado pela falha de comunicação global. Em alguns lugares a destruição foi realmente grande, vários aviões caíram não somente no Brasil, mas no mundo, pessoas morreram, estão feridas e desaparecidas. Restabelecemos nesses últimos momentos o contato com os athylianos e eles também sofreram alguns contratempos devido ao esse fenômeno, mesmo assim eles disseram que a hora que quisermos eles poderão vir ao nosso auxilio, pois eles contam com certas tecnologias que poderão ser muito uteis no processo de restabelecimento dessa situação. Sendo assim, nós os líderes da Terra, frente aos últimos acontecimentos demos a permissão aos athylianos para adentrarem o nosso espaço aéreo para nos ajudar nesse momento tão delicado que estamos vivendo...
          Ana levantou-se da cadeira, apoiou as mãos na mesa e olhou firmemente para seus companheiros. - Não podemos afirmar que eles causaram isso, mas certamente esse acontecimento facilitou muito os planos seus planos. Por favor eu peço a vocês que estão nos outros países fiquem atentos a tudo o que acontecer a partir de agora, muito obrigada.
          As pessoas que estavam nos monitores concordaram e esses foram desligados, Ana solicitou que Adriana saísse da sala. - André eu preciso conversar com você e eu farei isso agora porque não sei se teremos mais tempo para isso a partir dessa notícia que a presidente acabou de falar.
          - Pode falar, Ana. - Disse André que já sabia que o teor daquele assunto seria o mesmo que ele questionara a Antônio momentos antes.
          - Não farei rodeios. - Ana adiantou-se. - Há algum tempo recebemos uma informação de que os athylianos estavam interessados em um determinado rapaz e ainda não sabemos o porquê, o que nós sabemos é que esse rapaz poderá colocar em risco todos os demais planos que motivaram esse contato, por isso mesmo, nós pegamos esse rapaz e ele está sendo mantido no Ninho para a sua própria segurança e até que possamos descobrir o porquê do interesse.
          Ana foi até o arquivo, pegou uma pasta e a entrou para André, esse a abrira e lera o conteúdo, logo no final havia uma foto. - O que a foto do Rafael está fazendo aqui? - Questionou André.
          - Não sabemos o por quê, mas o nome do seu filho foi citado inúmeras vezes nas conversas dos athylianos, eles querem o seu filho por algum motivo e nós do Círculo estamos o protegendo nesse momento. - Disse Ana. - Nós pegamos o seu filho na escola e o levamos para o Ninho.
          - O que? - André levantou-se. - Como assim vocês pegaram o meu filho? Interesse? O que eles querem com o Rafael? O meu filho nem era nascido quando eles fizeram o primeiro contato com a Terra. Ana, onde está o meu filho?
          - Eu te disse, André. O Rafael está no Ninho, ele está bem e você sabe que eu nunca faria nada para machucar o seu filho. - Ana olhou para Antônio pedindo um auxílio.
          Antônio aproximou-se de André e encostou a mão no seu ombro. - Me desculpe André, eu sabia de tudo, mas eu não podia falar. O Rafael é meu afilhado e eu nunca deixaria acontecer nada de ruim com ele.
- André, você nos conhece. - Disse Ana. - Você sabe quem somos, nós estamos com você desde o início, você tem os nossos endereços e sabe que nós estamos do seu lado assim como nós sabemos que você está do nosso. - Ana dá uma pausa e se aproxima de André. - Eu já pedi para que trouxessem a Cláudia, você vai contar tudo para ela e logo em seguida uma equipe os levará para ver o seu filho, desse modo vocês poderão comprovar que tudo está bem, Rafael está a salvo.
          André olhou para Ana e Antônio, seu olhar era de medo, ele sentia sinceridade nas palavras dos dois, contudo algo fazia com que ele se sentisse preocupado. - Nós precisamos saber o que esses athylianos querem com o meu filho, isso não tem o menor sentido. O que eles poderia querer com um menino de 17 anos.
          - Estamos trabalhando nisso, André. - Respondeu Ana. - Por favor Antônio leve o André para a suite 422, é provável que Cláudia esteja chegando e eles certamente vão querer conversar. - Ana volta-se para André. - Você é muito importante para o Círculo, para mim... Eu nunca faria nada que comprometesse essa aliança que nós temos, a nossa amizade. Preservar o seu filho é uma questão de honra para mim, ele é muito importante para mim e você sabe disso.
          André apenas consentiu com a cabeça e saiu da sala juntamente com Antônio, Ana sentou-se na cadeira, respirou fundo e sentiu vontade de chorar. Vários pensamentos vieram à sua mente, coisas que estavam no passado e que ela gostaria de esquecer, mas não poderia fazê-lo. - O que eles querem com Rafael? - Ana questionou-se e começou a chorar. - Eu preciso protegê-lo, eu preciso protegê-lo... - Ana repetiu várias vezes essa frase, naquele momento o telefone tocou, Ana secou as lágrimas, observou se realmente estava sozinha se recompôs e atendeu o telefone.
          - Ana... - Falou Adriana. - É a presidente...
          - Pode passar a ligação, Adriana, obrigada. - A ligação foi passada e Ana disse. - O que está acontecendo Sílvia?
          Do outro lado a presidente mostrava-se realmente abalada e preocupada com tudo o que estava acontecendo. - Ana, você é uma das únicas pessoas que eu conheço que eu realmente posso falar o que penso, por isso eu peço por favor que você não me condene pela decisão que foi tomada. Nós não tivemos opção, o mundo está em um completo caos, muitas pessoas morreram, estão feridas e desaparecidas... Nós simplesmente não tivemos opção.
          Apesar de todos os acontecimentos e da possível ameaça que Rafael estava sofrendo, Ana mostrou-se solidária a situação em que Sílvia se encontrava - Eu consigo entender o que você está sentido, Sílvia. Muitas vezes temos que tomar decisões difíceis na vida, no passado eu tive que tomar uma decisão porque também não tinha opção e até hoje eu sofro com isso, você sabe do que estou falando.
          - Sim, eu sei. - Disse Sílvia. - Os athylianos entrariam de qualquer maneira, você sabia disso, nós estamos apenas adiantando os fatos, contudo nós já sabemos que não foram eles que causaram todo esse transtorno.
          - Pode até ser que não. - Interrompeu, Ana. - Mas eles se valeram disso para adentrar a Terra, Sílvia isso é muito sério. Eles virão para a Terra para nos ajudar, eles vão ajudar a restabelecer a paz e a ordem nos países... as pessoas serão agradecidas e eles poderão fazer o que quiserem depois. Eles vão conseguir a confiança das pessoas e desse modo poderão fazer com mais facilidade aquilo que realmente querem fazer.

...

          - Então quer dizer que o nosso filho foi sequestrado por alguém do Círculo? - Perguntou Cláudia para André.
          - Não, Cláudia ele não foi sequestrado. - Respondeu André. - Ele foi levado para um lugar seguro, não sabemos o porquê mas os athylianos têm um grande interesse no Rafael. Nós sabemos que eles o procurariam logo que chegassem na Terra, a gente não pode correr esse risco.
          Antônio entrou na sala com um arquivo e o deu para Cláudia, ela começou a ler o conteúdo. - Isso não pode ser possível. - Disse Cláudia.
          - Cláudia eu sei que você ama o Rafael. - Disse Antônio. - Eu sei como ele é importante para você, mas nós fizemos o que era o mais certo a fazer. Você consegue imaginar como está a cabeça da Ana nesse momento?
          Em um rompante de raiva Cláudia jogou a pasta para longe, aproximou-se de Antônio e disse em voz baixa, porém muito firme. - Eu quero que a Ana vá para o inferno, ela fez o que fez no passado e eu tive que abrir mão de muita coisa para encobrir as sujeiras que ela fez. - Cláudia ajoelhou-se e começou a chorar. - Ela não tem o direito de me tirar o Rafael... ele é meu filho... - Olhou para André suplicando. - Faça alguma coisa, por favor... ele é seu filho também.
          André aproximou-se de Cláudia, ajudou-a a levantar-se e disse: - Eu vou fazer tudo o que eu posso para garantir a segurança do nosso filho, eu te prometo. - Abraçou-a. - Agora vamos, eu vou te levar onde Rafael está. Ambos estavam saindo da sala quando Antônio falou.
          - Lembrem-se o Rafael não pode saber da verdade, nunca.
          Cláudia olhou para ele, diretamente nos olhos e disse: - Se depender de mim ele nunca vai saber dessa sujeirada, eu vou preservá-lo o máximo que eu puder. Você não tem noção do que uma mãe é capaz fazer para proteger seu filho.
          Antônio respondeu. - Sim eu tenho, eu já vi isso acontecer há 17 anos atrás.

...

          - Eu gostaria de que você ficasse ciente das nossas decisões, Ana. - Disse Sílvia. - Em dentro de alguns minutos eu receberei novas informações dos nossos agentes e logo em seguida eu as repasso para você.
          - Sílvia, eu realmente agradeço por tudo o que você tem feio.
          - Não se preocupe, eu já te disse que eu tenho uma dívida com o seu pai. Ele me salvou no passado e eu estou fazendo a minha obrigação de amiga, eu devo isso a ele... - Sílvia mostrou-se carinhosa. - Eu tenho satisfação em cuidar de você, eu prometi isso a ele. Ana... eu sei que esse assunto não é do meu interesse... Mas você pretende contar a verdade?
          Ana sentiu um baque no corpo com aquela pergunta, não sabia o que responder para Sílvia porque nunca acreditou que precisaria dizer a verdade da sua decisão do passado, Ana sentiu medo, não poderia dizer nada sobre a verdade, isso colocaria a vida de que ela mais ama em perigo, as coisas deveriam continuar em segredo, então Ana respondeu: - Como você mesmo disse, esse assunto não é do seu interesse. - Sua voz voltou a ser forte como de costume. - Senhora presidente, muito obrigada pelas suas informações e eu estou aguardando o seu futuro contato. Agora eu preciso desligar.
          Ana desligou o telefone, levantou-se e foi até a janela, ela estava perdida nos seus pensamentos, parecia que eles estavam prontos para se materializar e a condenar pelo o que ela fez no passado, naquele momento Ana observou André e Cláudia indo em direção ao carro, ela sabia que eles estavam indo ao encontro de Rafael. Claudia parou e olhou para janela de onde Ana os observava, ambas trocaram olhares, foi como se o tempo tivesse voltado e ambas lembraram-se do que as uniam. Sim, elas sabiam que estavam unidas por um elo indissolúvel, a verdade.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

CAPÍTULO 4 - TRÊS MINUTOS


          - E esse menino que não atende o celular. - Claudia desligou o telefone e ligou a televisão, logo em seguida pensou em ligar para André, contudo ela sabia que ele estava no Círculo e lá o sinal de celular era bloqueado. - A escola já está fechada, ele deveria estar aqui.
          Nesse momento o sinal da televisão começou a falhar assim como a luz da sala começou a piscar, Claudia olhou pela janela e notou que as luzes da ruas estavam oscilando também. - Será outro apagão? - Questionou-se. - Vou ligar novamente para Rafael. - Claudia pegou o telefone e notou que a linha estava fazendo um ruído que impedia completar a ligação, colocou o telefone no guancho e sentou-se no sofá. - O que será que está acontecendo? - O sinal da televisão ficava mais fraco, o  jornalista estava falando algo com relação aquela interrupção de sinal, mas não estava claro, quase não se podia ouvir o que o homem falava.

...

          - O que está acontecendo com o nosso sistema? - Perguntou Antônio para a mulher que estava com um iped nas mãos.
          - Ainda não temos uma informação precisa, Antônio. - Respondeu a mulher. - O que nós sabemos é que esse problema está acontecendo em todos os lugares, todos os nossos representantes das outras centrais informaram que essa pane está comprometendo o sistema de luz, o metrô, a bolsa de valores. Os especialistas estão pensando em fechar o mercado de ações...
          - Adriana, eu preciso dessas informações o mais rápido possível. - Interrompeu Antônio. - Logo mais Ana estará aqui e ela vai querer saber o que está acontecendo.
          - Tudo bem, Antônio logo mais eu volto com o máximo de informações que eu tiver. - Adriana saiu da sala teclando o tela do iped quase esbarrando em André que estava adentrando o recinto. Antônio o fitou e logo em seguida desviou o olhar, sabia que não poderia falar nada sobre Rafael, não até Ana chegar pelo menos.
          - O que está acontecendo, Antônio? - Perguntou, André.
          - Nós ainda não sabemos, parece que essa pane está acontecendo...
          - Eu não estou falando disso. - Interrompeu André. - Você está evitando ficar no mesmo ambiente que eu desde que cheguei no Círculo. O que está acontecendo?
          Antônio foi até o bebedouro, pegou um copo d'água e tomou um gole. - Eu não sei do que você está falando, estamos todos apreensivos com essas ultimas notícias e ainda mais essa oscilação de energia elétrica, sinais de rádio, internet e televisão. O mundo está entrando em um caos completo. - Antônio sorriu apreensivamente. - Está tudo bem... Não é nada pessoal, meu amigo.
          André retribui o sorriso, mas esse era irônico e cheio de dúvida com relação às palavras de Antônio. Ele sabia que algo estava errado, Antônio estava mentindo por algum motivo e André sabia que o motivo só poderia ser Ana. Ela de algum modo impedira que seu amigo lhe contasse algo, mas o que seria esse algo? - Tudo bem, se você não quiser, ou melhor, se você não puder me contar eu vou aguardar até o momento certo. - Disse André.
          - Obrigado. - Falou Antônio. - Tudo o que eu posso fazer agora é te agradecer pela compreensão.

...

          O transito na avenida Paulista está totalmente parado, Ana. - Informou o motorista do Bentley cor chumbo em que Ana estava. - Me parece que houve um problema com os semáforos, eles estão falhando a toda hora. As pessoas não sabem o que fazer e os agentes de transito não estão dando conta do trabalho, esse problema está acontecendo em toda a zona sul.
          - Tudo bem. - Respondeu Ana. - Não estamos tão longe assim do Círculo. - Pegou sua bolsa, uma pasta preta, o celular, saiu do carro e bateu no vidro do motorista acenando para que ele o abaixasse. - Eu vou a pé, tente estacionar o carro em algum lugar, por favor pegue minhas malas e leve-as para o meu quarto, obrigada.
          Ana seguiu andando pela calçada em direção ao prédio do Círculo, se tratava de uma mulher alta, cabelos longos pretos, a pele extremamente branca, reflexo do longo tempo em que viveu na Europa, seus olhos eram tão pretos quanto os cabelos, Ana tinha os traços fortes e sem dúvida possuía uma beleza que o tempo e a idade certamente teriam muito trabalho para modificar. Ela pegou o celular, tentou ligar para o Círculo informando a sua chegada, contudo o sinal estava muito fraco, Ana parou e olhou as luzes dos prédios, todas estavam ficando fracas, assim como os luzes das ruas. - Isso vai virar um caos. - Ana sussurrou para si. - Já está acontecendo.

...

          - Droga Rafael, atende o telefone filho! - Disse Claudia. - E essa luz que está ficando pior a cada minuto. O que será isso? - Claudia sentou-se no sofá esfregando ambas as mãos, ela olhou para a janela, as pessoas estavam saindo das casas, levantou-se e foi até a janela, abriu e perguntou. - O que está acontecendo, Joana?
          - Essa luz que está oscilando. - Respondeu a vizinha. - Venha ver Claudia, os bairros lá de baixo estão ficando no escuro.
          Claudia abriu a porta rapidamente e foi para o lado de fora, o lugar onde eles moravam era mais alto, de modo que eles poderiam contemplar todos os demais bairros, esses estavam gradualmente perdendo a iluminação. - O que é isso? - Perguntou Claudia.
         - Pois é... - Respondeu Joana. - Eu tentei ligar para a minha irmã, mas o sinal de telefone estava péssimo, ela me disse que a luz estava assim como a nossa e do nada apagou, no meio da conversa o sinal do telefone caiu. - Joana olhou para Claudia e perguntou exitante. - Claudia... você acha que isso tem a ver essa história de extraterrestres? Você acha que são eles que estão fazendo isso?
          - Eu não sei, Joana. Eu realmente não sei... - Respondeu Claudia em voz baixa, naquele momento ela entrou em vários pensamentos sobre o que estava acontecendo, aquilo certamente seria algo daqueles seres que estavam prestes a entrar na Terra. - Joana, o Rodrigo já chegou em casa?
          - Não. Eu pensei que ele estivesse com o Rafael. Esses meninos... mesmo com tudo isso acontecendo devem estar atrás de alguma garotinha. Hormônios...
          Claudia sabia que algo estava acontecendo. - Não Joana, o Rafael sabia que eu o queria em casa logo depois da escola... Não sei, estou com um pressentimento estranho. Onde está o seu marido?
          - Ele está vindo de Manaus, por sinal eu estou esperando o Rodrigo exatamente para ir buscá-lo no aeroporto.
          Um som muito alto tomou conta do lugar, as pessoas que estavam na rua começaram a correr, o som ficava cada vez mais alto, era algo como ferro retorcendo e explosões ao mesmo tempo, Claudia olhou para o céu e gritou para Joana. - Corre, aquele avião está caindo! - Ambas correram na direção oposta e uma grande explosão ouvira-se. Pessoas gritando, fogo, explosões e o caos estava presente naquele lugar, várias casas foram destruídas pelo avião que acabara de cair.
          Claudia e Joana estavam embaixo de um carro tentando se proteger das explosões, nesse momento Claudia percebera que o fogo estava se espalhando. - Temos que sair daqui, Joana! Aqui não é seguro! - Ambas levantaram-se e correram em direção a avenida principal, o transito estava totalmente comprometido.
          - Meus Deus, onde estão os meninos? - Joana gritou. Totalmente desesperada essa começou a andar em direção ao meio da rua e um carro desgovernado a atropelou.

...

          - O que as nossas embaixadas têm a dizer com relação a esses acontecimentos?
          - Senhora presidente, receio que esse evento é mundial, por algum motivo que desconhecemos ainda, o sistema de energia, bem como os sinais telefônicos e rede de internet estão comprometidos. - Respondeu Anderson, assistente direto da presidente. - Fomos informados que 4 aviões caíram.
          - O que? - Interrompeu a presidente. - Como assim quatro aviões caíram? Em que estados isso aconteceu?
          - Senhora, 4 aviões caíram no estado de São Paulo. - Continuou Anderson. - Acreditamos que os problemas ainda são maiores, estão chegando notícias dos outros estados . Como os sinais estão comprometidos, essa informações não são precisas e estão muito atrasadas.
          A presidente levantou-se da cadeira e foi em direção a janela, observou as poucas luzes acesas na cidade e olhou para Anderson. - Então você quer me dizer que estamos perdendo a nossa capacidade de comunicação, o Brasil está ficando cego, mudo e surto?
          - Não somente o Brasil, senhora presidente. O mundo inteiro está paralisado. - Anderson cautelosamente respondeu. - As luzes da sala da presidente apagaram-se.

... três minutos depois...

          O sinal de televisão estava voltando discretamente, assim como a internet e o rádio. As luzes das cidades estavam fracas e gradualmente se estabeleciam, as ruas estavam cobertas pelo caos... inúmeros acidentes, diversas lojas foram saqueadas, pessoas machucadas e um clima de medo se estabeleceu no mundo. Não se sabia exatamente o porquê, mas algo assolara toda a face da Terra, por algum motivo o lar do seres humanos parou.
          Meia hora passara-se depois dos três minutos em que o mundo parou, uma contagem regressiva anunciava que a presidente estava preste a dar um comunicado a população.
          - Meus caríssimos compatriotas, povo brasileiro, por algum motivo ainda não identificado não somente o Brasil, mas o mundo inteiro foi acometido por um problema que comprometeu todos os sistemas de comunicação, bem como o fornecimento de energia e todos os seus desdobramentos, durante 3 minutos o mundo esteve cego, surdo e mudo. Nossos especialistas estão trabalhando arduamente para entender a causa desse acontecimento, contudo não é correto afirmar que o acontecido tenha algo a ver com os athyianos, sobretudo porque perdemos a nossa comunicação com eles também. Em dentro de alguns minutos tentaremos novamente restabelecer esse contato.
          Uma mulher aproximou-se da presidente, lhe deu um papel e se retirou. - Eu estou com um relatório com algumas informações, ou melhor consequências desse estranho evento que assolou o mundo. Infelizmente 9 aviões caíram devido falhas no sistema de navegação, sendo 4 em São Paulo, 2 em Minas Gerais, 1 em Porto Alegre, 1 em Recife e 1 no Rio de Janeiro. Até então estamos falando de 2127 vítimas confirmadas. - A presidente parou o comunicado, respirou, deu uma pausa olhando para a lente da câmera e continuou. - Meus caros, eu quero que nesse momento vocês não me vejam como a líder do nosso país, mas como mais uma brasileira que também está em busca de respostas, por isso eu lhes peço, tentem manter a calma, nós estamos fazendo todo o possível para tentarmos estabelecer a paz e a ordem. O exército está sendo mandado às ruas, bem como os centros médico estão se reorganizando para melhor atender toda a população, mas para que tenhamos o mínimo de ordem é necessário o comprometimento de todos. E eu prometo, como cidadã brasileira que sou, eu prometo que logo que eu obtiver mais informações, entrarei em contato com vocês e os colocarei a par de tudo. Muito obrigada a todos e todas.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

CAPÍTULO 3 - O QUE ELES REALMENTE QUEREM?


          Uma série de reporteres estavam questionando a presidente assim como outros líderes e pessoas da área militar, o clima estava tenso, o governo estava exitante e deixava claro que seus conhecimentos a respeito dos possíveis hospedes eram limitados, o que realmente estava claro é boa parte das informações eram incompletas, eram baseadas em especulações.
          - Por favor, mantenham a calma. - Pediu a presidente. - O plebicito está aberto e os seres humanos do mundo inteiro decidirão se nós recepcionaremos ou não os extraterrestres. Agora organizadamente, responderemos as perguntas de todos. Vocês receberam uma senha e sabem qual o momento que deverão me perguntar, espero que todos fiquem calmos pois essa entrevista será transmitida para toda a população via televisão, rádio e internet, em outras palavras nós não estamos aqui para causar pânico ou fazer pronunciamentos sensacionalistas, esse não é o momento para isso, muito pelo contrário. - A presidente olhou para a equipe de produção consentindo com a cabeça, uma mulher com um headset acenou para os cameras, uma contagem regressiva silenciosa começou, a luz "no ar" acendera-se e um reporte adiantou-se.
          - A presidente Silvia Nogueira, nesse momento começa a entrevista com os reporteres, não somente ela, mas alguns líderes estarão prontos para responder as perguntas e tentar, de certo modo, acalmar a população. Há algumas horas um pronunciamento mundial feito pelos líderes de estado notificou que não estamos sozinhos no universo, muito pelo contrário, estamos sendo observados desde os anos  60 por seres até então desconhecidos. O fato é que esses seres gostariam de uma aproximação maior com a população terrestre, por isso foi aberto um plebicito em que os seres humanos decidirão o futuro desse possível contato. Vejamos agora o novo pronunciamento da presidente.
          A camera volta para a presidente que estava sentada à mesa juntamente com mais alguns homens e mulheres. - Boa tarde a todos e todas, estou novamente aqui pronta para sanar as maiores dúvidas com relação a esse evento que poderá ocorrer dentro das próximas horas, eu não vou me delongar, de modo que o primeiro repórter pode começar.
          - Bom tarde, senhora presidente. - Levantou-se um homem de terno. - Eu sou Eduardo Costa, do jornal Última Notícia, pois bem. Eu tive a oportunidade de ler as informações sobre os nossos possíveis hospedes no site, aquelas informações me pareceram muito mais com um tom de convencimento do que informativo, sendo assim eu pergunto. Como aquelas informações foram adquiridas? Elas foram simplesmente nos dadas pelos extraterrestres ou houve uma pesquisa independente por parte dos nossos especialistas.
          - Muito bem. - A presidente pigarreou. - Boa parte das informações ali contidas nos foram gentilmente cedidas pelos seres do planeta Athyla, não pudemos fazer uma pesquisa realmente efetiva com os athylianos porque como já foi estabelecido, não houveram contatos reais entres ambos seres, terrestres e athylianos.
          - Ou seja. - Interrompeu o reporter. - As informações que temos desse povo basea-se naquilo que eles quiseram falar a seu respeito, não os conhecemos pela nossa ótica, apenas sabemos o que eles querem que saibamos. Nós sabemos o que eles realmente querem aqui? - Todos os presentes começaram a comentar a questão do reporter.
          - Não é exatamente assim. - Adiantou-se a presidente. - Nessa situação totalmente singular temos que agir com diplomacia, não existe a necessidade de medidas invasivas, pois o que os athylianos sabem sobre nós é exatamente o que sabemos sobre eles. Nós fornecemos as informações sobre a história e costumes dos seres humanos, eles sabem sobre nós aquilo que nós passamos para eles, a balança está aquilibrada. Não existem vantagens de nenhuma das partes.
          A presidente acenou para a outra reporter, essa levantou-se, apresentou-se e questionou a respeito do comportamento humano em não manifestar-se diante das ultimas informações.
          - Eu acredito que as pessoas estão agindo pacificamente pois não foram pegas de surpresa. - Disse a presidente. - Elas sabem que possivelmente seremos visitados por seres de outro planeta, mas que essa decisão está nas suas mãos. Sim, houveram algumas manifestações, mas não que pudessem preocupar ou afetar a ordem, o povo brasileiro sempre foi conhecido pela sua carecterística pacífica. Em outros países já aconteceram vários atentados e ações terroristas depois que o anúncio fora feito. Estamos trabalhando para que a paz e a ordem mantenham-se seja qual for a decisão dos seres humanos.
          Durante a coletiva a presidente juntamente com os demais assistentes e líderes militares foram respondendo as questões, algumas situações constrangedoras aconteceram, mas tudo fora explicado na medida do possível. Ao longo da coletiva um homem de aproximou-se da presidente e deu-lhe discretamente um bilhete, ela leu a informação e consentiu com a cabeça. - Senhores reporteres, eu sinto muito, mas terei que interromper essa coletiva. - Todos os que estavam na sala se manifestaram contrar aquela notícia.
          - Por favor, acalmem-se. - Apaziguou a presidente. - Eu deixarei com vocês o general Elieser Brito que ficará satisfeito em responder as questões de todos. Agora com lincença. - A presidente levantou-se, olhou para o outro homem que estava ao seu lado e disse. - Venha comigo, ela está no telefone e quer falar conosco. - Ambos sairam do salão embaixo de vários flashes e questionamentos.
          Eles seguiram pelo corredor e logo no final desse entraram em uma sala pequena, onde havia uma mesa e algumas cadeiras. - Senhora presidente. - Disse uma mulher que estava na sala. - Ela está na linha 4. Posso passá-la para a senhora?
          - Sim, por favor. - Respondeu cordialmente. - E depois você pode sair, obrigada. - A mulher completou a ligação e saiu. - Verifique se não há ninguém no corredor. - Disse a presidente. - Um dos homens foi até a porta e constatou que o corredor estava vazio, ele olhou para a presidente dando um  ok. - Estamos somente nós três aqui. -  Continuou a presidente. - O Coronel Michel Barros, Anderson meu assistente pessoal e eu. O que você quer Ana? Eu estava no meio de uma coletiva.
          - E certamente deixou o general Elieser para ser seu porta vós nessa coletiva, certo senhora presidente? - Questionou, Ana. - Eu já disse para a senhora que eu não confio naquele homem, não depois de tudo o que ele fez, mas não posso dizer o que a senhora deve ou não fazer, afinal de contas eu estou falando com a presidente.
          - Que bom que você ainda entende em que posição nós estamos. - Respondeu a presidente. - Eu prefiro ter o Eliese perto de mim, não se preocupe com ele. Mas me diga, o que você quer?
          - Eu estou em território brasileiro e em alguns minutos estarei pousando em Guarulhos. Eu quero saber se já estou viva no Brasil? Como vou me apresentar na imigração?
          - Com relação a isso não se preocupe, você tem carta branca para entrar no Brasil, não haverão questionamentos, você poderá pegar o carro e fazer o que você tem que fazer. Ana, eu preciso saber o que esses seres querem aqui na Terra.
          Um clima de tensão instalou-se naquela sala, era como se algo estivesse para explodir e essa explosão colocaria todos em sério risco, a presidente mostrava-se muito preocupada com o que Ana poderia responder a respeito dos extraterrestres.
          - Senhora presidente, eu sei que a senhora está tentando fazer o melhor para todos e eu também. - Disse Ana. - O Círculo está trabalhando muito para entender o que está acontecendo no mundo, estamos fazendo contato com todos os nossos representantes. O que eu posso te adiantar é que serão 5 naves que pousarão na terra.
          - Já sabemos os locais? - Questionou a presidente.
          - Sim, sabemos. São Paulo, Washington, Londres, Tóquio, Paris e Pequim. Logo depois do anúncio do referendo que será a favor da chegada deles, como a senhora sabe, eles levarão mais 2 horas para entrar em contato real com a Terra.
          - Isso já está confirmado. - Perguntou o coronel Michel Barros.
          - Sim senhor. - Respondeu, Ana. - De acordo com os nossos informantes o contato acontecerá amanhã ao meio dia. Presidente... eu preciso conversar com senhora.
          Naquele momento a presidente entendeu que o que Ana queria lhe falar era algo particular, essa olhou para os dois que ali estavam e eles enteram a mensagem silenciosa, ambos sairam e fecharam a porta.
Eu já estou sozinha. - Disse a presidente. - Pode falar, Ana.
          - O meu pai e você foram companheiros na fundação do Círculo, você melhor do que ninguém sabe qual o nosso objetivo com relação a esses seres. Eu gostaria de saber se teremos o apoio do exército para fazermos o que for necessário?
          A presidente sentou-se na cadeira e disse. - O meu amigo Saulo e eu tinhamos as mesmas crenças e ideais, o que nos diferenciou foi que eu entendi que as vezes brigar de frente não é a melhor estratégia. Eu sei que ele nunca me perdoou por ter saído do Círculo e ter entrado na política, ele me considerou uma traidora por isso, mas você sabe Ana que eu sempre lutei pela causa, desde que fiquei sabendo do que estava prestes a acontecer. Apesar do que aconteceu no passado, eu entendi a posição do seu pai em me banir do Círculo, mas mesmo assim eu tenho essa dívida com ele, o seu pai salvou a minha vida, ele poderia ter me entregado, mas ele não o fez mesmo acreditando que eu era uma traidora da nossa causa, por isso eu te digo, Ana, se necessário o exército brasileiro estará a disposição do Círculo.
          - Muito obrigada, Silvia. Acredito que no fundo meu pai sabia das suas intenções e graças a sua decisão é que hoje, nós do Círculo podemos ter acesso às informações que precisamos. A propósito, o garoto já está no Ninho.
          - E o que André falou sobre tudo isso?
          - Ele ainda não sabe do interesse dos extraterrestres com relação ao seu filho, mas logo que eu chegar no Círculo conversarei com ele, Antônio me ajudará, eles são amigos e eu acredito que isso dará mais credibilidade nas minhas explicações.
          - Sim, faça o que for necessário, Ana. Nós precisamos nos adiantar nesse processo, temos que entender o que está acontecendo de fato, os jornalistas não estão acreditando nas informações do site, assim como muitos civis também. Eu estou fazendo de tudo para que não haja caos na chegada dessas naves, estou tentando manter a ordem, mas eu preciso saber o que esses seres querem aqui na Terra.
          - Logo que eu chegar no Círculo farei uma reunião com todos os representantes, tentarei colher o máximo de dados possível e te colocarei a par de tudo, não se preocupe.
          - Muito bem. - Disse a presidente. - Eu vou desligar, tenho que voltar para os reporteres.
          Ana despediu-se e a presidente desligou o aparelho. Ela andou até a porta, abriu-a, olhou para os dois que estavam do lado de fora e deu um breve sorriso tentando convencer-se de que as coisas estavam bem. Seguiu em direção ao salão principal onde estavam os reporteres, a cada passo dado ela lembrava dos tempos que em que serviu o Círculo, de como foi saber aquelas informações que estavam prestes a se tornar reais. Ela lembrou-se do seu companheiro, Saulo, ele havia morrido e não a delatara, mesmo crendo na sua traição. Silvia sabia que não tinha outra opção senão ajudar Ana, ela entendia que o Círculo era a melhor opção para entender aquele evento que estava por vir. Quando percebeu já estava ao lado do general Elieser e discretamente disse. - Obrigada coronel, a partir de agora eu assumo a coletiva.
          - Era ela? - Questionou Eliese a cerca da ausência de Silvia.
          - Sim, era ela. - Respondeu. - Era a Ana e eu não te direi mais nada além disso e você o por quê. Agora vamos as questões. - A presidente voltara-se para os reporteres sorridente e respondera calmamente as suas perguntas, mas seus pensamentos estavam muito além daquela sala, pois ela sabia que estava falando mentiras somente para acalmar aquelas pessoas que estavam tão desesperadas e querendo alguém que mostrasse um pouco de confiança.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

CAPÍTULO 2 - O CÍRCULO


          Eu só quero saber o por quê de tudo isso? - Questionou o homem vestido elegantemente em um terno cinza escuro, aparentando 50 anos de idade e com o rosto visivelmente cansado. Ele estava sentado à uma mesa cumprida com outras poltronas milimetricamente organizadas, tudo estava em seu lugar, cadernos de informações, canetas, inúmeros aparelhos de telefone, uma reunião estava preste a acontecer naquele lugar e certamente a tensão era uma dos participantes. - Eles não deveriam fazer contato tão cedo, isso vai totalmente contra o que estávamos planejando.
          Do aparelho telefônico, que estava ligado no viva-voz, ouvia-se uma mulher com um breve sotaque francês. - Calma Antônio. Eu já estou no avião a caminho para o Brasil, em dentro de algumas horas já estarei com vocês, veremos o que vamos fazer e tem mais uma coisa, nós não tínhamos uma data precisa do contato anunciado, você pode checar isso no protocolo 174 que eu enviei no mês passado. Na verdade eles estão dentro daquilo que havíamos previsto sim, o fato é que nunca estaríamos preparados para esse evento e você sabe disso, meu caro amigo.
          Antônio tamborilava os dedos impacientemente sobre a mesa, olhou para o aparelho e disse: - Ana, o que vai acontecer agora? As pessoas ainda estão em casa, estão acessando aquele site ridículo cheio de mentiras. Mas eu pergunto, o que vai acontecer quando aquelas naves começarem a pousar? Porque nós sabemos que isso vai acontecer. O que o Círculo fará para recepcionar os nossos hóspedes? O Círculo está pronto, Ana?
          - Bem, meu amigo. Desde que soubemos da existência dessa ameaça estamos adquirindo o máximo de informações sobre esses seres. Sabemos praticamente o mesmo que o governo e isso também nos deixa em alguma vantagem. Ao longo desses anos nós estamos nos preparando para essa chegada, mas só saberemos se estamos realmente preparados nas próximas horas, por isso eu digo para você não fazer nada até a minha chegada. Uma coisa é certa, a primeira nave pousará no Brasil e nós sabemos o por quê.
          - Sim, sabemos... - Antônio disse exitante. - O motivo dessa preferência pelo o Brasil já está confirmada, Ana?
          - Infelizmente sim. - Sons de papéis sendo manuseados. - Nós já confirmamos o motivo do primeiro contato ser no Brasil. Falando nisso, o André já chegou? Lembre-se de que ele não pode suspeitar disso, teremos que agir sem que ele saiba, de outro modo ele poderia se desesperar.
          Antônio levantou-se da poltrona, foi em direção a porta  e certificou-se de que ninguém estaria perto. - Ana, eu só não entendi qual o interesse desses seres que mal conhecemos com aquele garoto. O que eles querem? Eu não vejo sentido nisso... um simples garoto despertando o interesse de uma civilização extraterreste inteira.
          - Isso eu também não entendo, Antônio. Cabe a nós descobrirmos e tentarmos nos adiantar, esse garoto é muito importante para eles e no ultimo caso, o garoto será a nossa ultima arma.
          - Do que você está falando, Ana? - Interrompeu, Antônio.
          - Eu estou falando em preservar a integridade e a segurança dos seres humanos. - Respondeu - Custe o que custar. Não é esse o nosso juramento quando decidimos entrar no Círculo? Alguma coisa mudou de lá para cá, Antônio? Eu preciso desligar, em dentro de algumas horas estarei com vocês e conversarei pessoalmente com o André, até lá você é o único que sabe dessa parte da história, Antônio, eu conto com a sua discrição. Até mais.
          Um click desligando o telefone é ouvido e Antônio ficou parado, pensando nas palavras de Ana. - "Preserva a integridade e a segurança dos seres humanos, custe o que custar." - Repetiu a frase. Ele nunca tinha ouvido Ana falar daquele modo, nem mesmo quanto ambos entraram no Círculo e descobriram as informações sobre a chegada dos extraterrestres. Ana realmente mostrava que estava disposta a arriscar tudo pela causa, mas o que seria esse "tudo"? Colocar em risco a vida de um adolescente? O que o André, seu melhor amigo, pensaria de tudo aquilo? Certamente ele não seria tão convicto quanto Ana, pois se tratava do seu filho, Rafael. O que aqueles seres queriam com o garoto, porque ele era tão importante ao passo de ser citado em todas as conversas dos ET's?
          Antônio sabia que não poderia revelar aquela informação para André, pelo menos não sem Ana por perto, ela era a presidente do Círculo e qualquer tipo de desobediência às suas ordens seria considerado um ato de traição e tudo poderia ser colocado em risco, Ana, mais do que ninguém sabia o que era ser vítima de um ato de traição, ela já havia sofrido por isso, talvez ela realmente conhecesse a dor que causaria em André ao revelar que um dos objetivos dos ET's era o seu filho, Rafael.
          O homem de 50 anos caminhava pela sala de conferências e observava os quadros com as fotos daqueles que serviram o Círculo desde o início, muitos daqueles foram mortos ou simplesmente estavam desaparecidos. Desde a sua fundação o Círculo estava sofrendo baixas, pessoas estavam pagando caro por tentar descobrir a verdade. Aquela organização secreta estava pronta para defender os interesses dos seres humanos, mas o que Antônio não entendia era como algumas pessoas estavam a par da verdade e mesmo assim estavam coniventes com os extraterrestres, aquelas pessoas estavam se vendendo para seres que mal conheciam, ofertando os seus semelhantes como mercadoria. Ele observava o quadro com a foto do pai de Ana, Saulo e logo em baixo leu uma citação da bíblia - "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará - João 8:32" - Sorriu e pensou naquelas palavras, vários questionamentos vieram à sua mente. O que era realmente a verdade? O que aqueles seres queriam? Qual a importância de Rafael, um adolescente, naquele processo tão complexo que seria a chegada daqueles seres.
          Um pensamento novo veio à mente de Antônio, esse fora em direção ao arquivo que ficava no outro lado da sala, próximo à janela, abriu a primeira gaveta, pegou uma pasta com a letra "R" em maiúsculo na capa, retirou  algumas páginas de dentro do volume e começo a ler. - Temos uma série de coisas para administrar em solo terrestre, a questão do Sol, a preservação dos mares e todos os recursos necessários para a operação Arca, contudo é sabido que o mais importante ao chegarmos na Terra é encontramos o garoto, pois ele é chave do nosso sucesso. Todos os planos serão inúteis se não o tivermos em nosso poder, o futuro bem sucedido dos nossos objetivos depende da nossa eficácia em identifica-lo e conduzi-lo. - Antônio parou de ler e ponderou. - Eles precisam do garoto para que seus planos tenham sucesso... operação Arca?
          Nesse momento Antônio observou pela janela e viu o carro de André estacionando. - Meu amigo, sinto tanto em ter que te dar essa notícia. - Guardou os arquivos foi ao telefone, apertou o botão e disse: - Marta, por favor venha até minha sala. Desligou e sentou-se na poltrona. Um breve toque na porta de vidro e Marta, uma mulher de altura mediana, cabelos pretos e pele queimada do sol entrara na sala.
          - É agora? - Questionou a mulher.
          Antônio fitou-a por um tempo, coçou a cabeça e respondeu. - Não temos escolha, André acabou de chegar e o sinal do celular já está bloqueado, ou seja, não há mais nenhum modo da Claudia entrar em contato com ele. Onde está o garoto?
          - Acabei de receber uma mensagem, ele está na escola, na quadra externa para ser mais precisa. O professor de educação física foi questionado e a aula termina em 30 minutos, acho que temos que aproveitar a ocasião, Antônio.
          - Sim. - Suspirou. - É para a proteção dele, logo mais Ana estará conosco e poderemos nos explicar para André. Acione o "Ninho", ainda hoje ele receberá o garoto.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

CAPITULO 1 - A ESCOLHA


          - Mãe, tô indo.
          - Como assim "tô indo"?
          - Mãe, eu te disse que hoje era o treinamento da escola. - O rapaz de não mais de 17 anos, altura mediana, cabelos pretos e pele visivelmente queimada do sol colocou a mochila em cima da bancada da cozinha, abriu a geladeira e pegou um pote de iogurte. - Mãe, eu preciso de dinheiro para o uniforme, o pai deixou alguma coisa?
          - Sim, está na segunda gaveta à esquerda da mesa do computador. - Uma mulher de olhos claros e pele branca adentrou a cozinha com um cesto de roupa, colocou-o em cima da mesa, prendeu os cabelos pretos encaracolados com uma fita azul e começou a dobrar as roupas. - Seu pai pediu para você ligar para ele, parece que ele volta hoje de Nova Iorque, mas ele quer perguntar para você sobre os jogos que você quer.
          O adolescente vai até a sala e pega o dinheiro, volta para a cozinha e senta-se próximo à mãe, olhando-a como se quisesse saber de algo.
          - Pode falar. - Disse a mulher continuando a dobrar as roupas.
          - Falar o quê? - Replicou o garoto.
          A mulher sorriu, parou o trabalho e olhou para o filho. - Rafael, eu te conheço desde que você nasceu e sei exatamente quando você quer me perguntar alguma coisa. - Sorri. - Você sabe que pode confiar em mim, certo filho?
          - Sim, sei mãe. Bem... Está tudo bem entre você e o pai?
          - Por que essa pergunta, Rafael?
          - Ele não para mais em casa, faz uns 5 meses que mal o vejo. O que está acontecendo? Vocês vão se separar, é isso? - Rafael olhou para a mãe seriamente, tentando descobrir algum sinal além do que ela estava prestes a falar.
          - Continue olhando. - Disse Claudia. - Tente descobrir e certifique-se de que eu não vou mentir.     Suas pupilas se dilatam quando você quer pegar alguma informação além das palavras. - Ela olha diretamente para o rapaz. - Assim como as minhas também estão. Muito bem, não, não está acontecendo nada de errado com relação o seu pai e eu, ele apenas está tendo muito trabalho na empresa, eles estão abrindo uma nova filial em Nova Iorque e é por isso que ele está tão ausente, mas não se preocupe, logo mais ele estará aqui e você poderá perguntar o que quiser.
          Rafael sorri mostrando-se aliviado, pois sabia que a mãe não estava mentindo. - Eu acredito em você, não preciso perguntar nada para ele. - Levanta-se e vai em direção ao telefone. - Mãe, vou ligar para o pai, porque já estou atrasado para o treinamento.
          - Sim, faça isso. - Continuando a dobrar as roupas. - Quando acabar me chame porque eu quero falar com ele, encomendar umas coisinhas para mim. Tenho que aproveitar, não é todo o dia que ele vai para Nova Iorque.
          Rafael vai para a sala, senta-se no sofá, liga a TV, pega o telefone e disca o número do hotel onde seu pai estava hospedado. - Please, room number 208. - Uma voz do outro lado e um click, logo o um tom de chamada novamente.
         - Hello!
         - Nada de 'hello' pai, sou eu.
         - Oi filho. Como você está? E sua mãe?
         - Estamos bem pai, a mãe disse que quer falar com você depois, ela quer pedir uns lances aí para você. - Rafael observa a televisão, um desenho estava passando. - E com você? Como estão as coisas por aí? Muito frio?
         - Na verdade não filho, o tempo tá até bom aqui, não está nevando e isso já uma boa coisa. Escuta, hoje é o treinamento lá da escola, filho?
         - Isso mesmo, eu tô meio ansioso, mas eu acho que vai dar tudo certo. Eu acho que vou ser escalado para o time.
         - É assim que se falar. Rafael, fala para mim quais os jogos que você vai querer.
         - Ah sim pai. Anota ai. - Nesse momento a vinheta do plantão de notícia desponta na TV. - Plantão de notícias... na certa alguém morreu, ou algum político foi preso...
         - Coincidência. - Diz, André. - Aqui também está anunciando o plantão de notícias.
         - A repórter tá dizendo que em dentro de 5 minutos haverá um pronunciamento da presidente e que é de extrema importância que todos fiquem cientes do que ela vai falar, disse que é para a gente tentar avisar as pessoas que conhecemos, avisá-las que é para ligar a TV em qualquer canal. - Sorri. - Deve ser alguma jogada de marketing de algum filme...
        - Nossa, então deve ser um filme bom mesmo, hein? Aqui, o repórter está dizendo a mesma coisa.
        - É sério pai? Caramba, deve ser algum filme de ação ou algo assim, mas vamos lá anota ai. A lista é meio longa...
         Claúdia entra na sala e senta-se ao lado de Rafael, ela pega o controle e aumenta o som da televisão. - O que é isso que está passando na TV?
          - Só um momento pai. - Coloca o telefone de lado. - Ah não sei mãe, parece que é algum tipo de marketing sobre um filme, o pai disse que está passando a mesma coisa em Nova Iorque. - Voltando ao telefone. Então pai...
          - Não, não é não filho. - Aumentando mais o volume da TV. - É a presidente falando, isso não pode ser uma propaganda. Seu pai disse que isso está passando lá também? - Olha para Rafael - Filho, me passa o telefone, depois você continua falando com o seu pai. - Rafael passa o telefone para Cláudia e fica atento na TV.
          Claudia encosta o ouvido no telefone. - André, o que está acontecendo? Isso tá passando ai também?
          - Sim querida. Eu vou aumentar o volume, eu não estou entendendo direito, só um momento. Cláudia, acompanha ai o que está acontecendo, eu acho que está começando, mas não desligue o telefone, eu quero conversar com você depois do que a presidente vai falar.
          Cláudia coloca o telefone sobre o braço do sofá e observa a televisão que apresenta uma contagem regressiva de 5 segundos e logo em seguida a imagem da presidente aparece diretamente de uma sala, ela encontra-se sentada atrás de uma mesa, alguns papéis sobre essa, logo ao lado dela dois homens do exército fardados.
          - Bom dia a todos e todas. - A presidente pigarreia na tentativa de limpar a garganta. - Eu espero profundamente que essa informação que eu trago para todos esteja sendo disseminada para o máximo possível de pessoas. - Pausa. - O que eu venho falar para vocês, meus compatriotas é uma notícia muito delicada, contudo não há motivos para pânico. Nesse exato momento, todos os chefes de estado dos outros países estão prestes a passar a mesma mensagem que eu falarei agora, mas como eu disse anteriormente não há motivo para pânico. Não existe outro modo de eu passar essa notícia, de modo que não me estenderei nessa introdução e conto com a ordem, a compreensão e a pacificidade do povo brasileiro do que eu me orgulho de ser presidente.
          Em 21 de março de 1960 a NASA, agência espacial norte americana fez uma viagem para a lua, contudo nessa viagem algo inesperado aconteceu, os astronautas que tripulavam aquela missão se depararam com uma espécie de OVNI, ou seja, objeto voador não identificado. Logo no inicio todos ficaram apavorados com aquela situação que se apresentava diante dos olhos da humanidade, as informações que chegaram à Terra causaram um enorme impacto à comunidade científica, os governantes daquela época não sabiam que fazer, que medidas adotar diante daquele acontecimento.
          - Mãe, você está ouvindo o mesmo que eu? - Perguntou, Rafael. - É isso mesmo que eu estou ouvindo?
          - Vem para cá filho. - Cláudia abraça Rafael. - Fica sossegado, está tudo bem, eu estou aqui.
          Frente aquela situação os cientistas daquela época tentaram uma série de contatos com a possível tripulação daquela espaço nave e depois de 12 dias, eles obtiveram uma resposta. Os sistemas de comunicação foram interrompidos com uma mensagem vinda dos seres que tripulavam a nave. Eu colocarei a gravação para que vocês mesmos possam ouvir, pois todos os governantes decidiram que essas informações devem ser de ciência de todos os seres humanos. - A presidente acena com a cabeça e um dos homens que está fardado aperta o botão de um rádio, esse logo apresenta uma mensagem narrada por uma voz masculina.
          "Seres viventes que habitam o planeta Terra, há muito tempo estamos os observando. Somos seres de uma galáxia distante chamada Iviton. Meu nome é Medron e em princípio queremos afirmar que estamos em missão de paz, em nenhum momento pensamos na possibilidade de fazer algum mal a qualquer ser vivo desse ou de qualquer outro planeta. Há muito tempo estamos observando o planeta Terra e seus habitantes, contudo percebemos que somente observá-los não supriria as nossas necessidades de conhecimento sobre a sua espécie, sendo assim, percebemos que era necessário uma aproximação maior, por isso permitimos que os seus astronautas percebessem a nossa nave, de outro modo vocês nunca teriam percebido a nossa presença.
          Sendo assim, eu Medron, representante direto dos líderes do nosso povo, peço autorização aos líderes da Terra para que possamos entrar em contato direto, e se por algum motivo vocês não acharem conveniente essa aproximação, iremos embora sem causar nenhum mal a esse planeta e a seus habitantes, pois como disse antes e gostaria muito de enfatizar, somos um povo pacífico. Temos muito o que conversar e somente entraremos em espaço aéreo terrestre com sua prévia autorização. Muito obrigado a todos. Medron."
          O homem fardado apertou novamente o botão do rádio e a câmera voltou para a presidente, que apresentava-se visivelmente surpresa, como se tivesse ouvido aquela informação pela primeira vez.
          Muito bem meus caros compatriotas. Todos os chefes de estado do mundo estão apresentando essas informações, nossas agências fizeram uma série de contatos com esses habitantes, mas até então nunca foi permitido que eles adentrassem o nosso espaço aéreo, bem como pisarem em solo terrestre.     Precisávamos ter plena confiança nesse seres que até então nos eram desconhecidos, contudo 52 anos se passaram e os extraterrestres mostraram-se pacientes e acima de tudo pacíficos conosco, eles nos ajudaram em diversas situações conflitantes que enfrentamos, mas nunca os deixamos entrar em nossa casa, a Terra.
          Por isso estamos aqui. Nesse exato momento está sendo aberto na internet um site, onde vocês deverão inscrever o número do documento de identificação de vocês e logo em seguida, vocês deverão escolher se querem ou não que os seres da galáxia Iviton adentrem nossa atmosfera e tornem-se nossos visitantes. Tudo acontecerá de acordo com a vontade da grande maioria, se a população mundial aceitar a visita, eles farão o contato físico, caso o contrário eles irão embora do mesmo modo que chegaram.
          Nós, os governantes da Terra confiamos nesses seres, pois eles vêm se mostrando dignos disso, contudo a permissão da entrada em nosso planeta não depende somente de nós, mas de toda a humanidade. O site já esta aberto. - Uma imagem com os caracteres apareceu na tela da televisão. - www.eudecido.com.br. Em dentro de 24 horas apresentaremos o resultado da votação, é imprescindível que todos votem, todos os cidadãos que possuem a carteira de identidade e é maior de 16 anos deve votar, essa é uma decisão de todos.
          Em dentro de duas horas eu darei uma entrevista coletiva para os jornalistas da TV, rádio e impressa escrita, tentarei sanar todas as dúvidas, no entanto, agora é tudo o que posso fazer para informá-los. No site vocês encontrarão mais informações sobre esse povo. Muito obrigada pela compreensão e como eu disse no início. Não há motivo para pânico, esses seres já estão conosco há muito tempo. Obrigada. - É tocada novamente a vinheta do plantão de notícias e um grupo de repórteres começam a discutir o assunto.
          - Rafael, filho? - Cláudia aumenta o tom da voz. - Rafael! - O rapaz volta em um susto, como se estivesse em um transe. - Vá para o seu quarto e pegue o seu notebook, vamos ver o que está acontecendo, isso não pode ser verdade.
          - Mas mãe. - Rafael interrompe. - É a presidente falando, você mesmo disse que...
          - Filho, pegue o seu notebook, por favor. - Rafael levanta-se do sofá e vai para o quarto. Cláudia pega o telefone, presta atenção se Rafael está distante e fala: - André onde você está agora?
          - O Rafael está ai?
          - Não. Eu o mandei ir para o quarto. O que está acontecendo?
          - Sim, eu vi. O presidente americano acabou de dar a notícia, eu estou vendo os outros canais e o mesmo está acontecendo em outras partes do mundo.
          - E agora? O que vamos fazer? Ninguém nos disse nada a respeito disso, pelo menos não que seria agora. - Um silêncio vinha da outra parte. - André onde você está agora?
          - Eu estou em São Paulo há dois dias, já estou no prédio em frente o pátio do parque do Ibirapuera, certamente a nave vai pousar aqui, bem pelo menos foi essa a informação que eu tive. Cláudia, como você viu a mentira já foi contada, agora precisamos entrar em contato com o Círculo, eu vou desligar o telefone, eles certamente entrarão em contato com você também, não deixe o Rafael saber de nada.
          - Sim, eu entendo. Toma cuidado, por favor. Não sabemos o que vai acontecer agora. - Silêncio novamente - Eu te amo.
          - Eu também te amo e amo nosso filho também. - Pausa - Sabíamos que isso aconteceria, certo? Eu preciso ir, logo mais estarei com vocês. Beijo.
          - Beijo. - Cláudia desliga o telefone e logo em seguida Rafael entra na sala com o notebook ligado e aberto na página.
          - Olha mãe, é verdade, isso é real. - Mostra a página virtual para Cláudia. - É um página com vários links sobre esse povo. Eles são de uma galáxia chamada Iviton, o planeta deles se chama Ladus, não há divisão territorial e eles são governados por três seres: Isis, Mailon e Kailon, eles são irmãos, veja mãe. - Cláudia observa atentamente as informações na tela do computador. - Olha mãe, aqui que nós devemos colocar o número do nosso RG e em seguida votar se nós os queremos aqui ou não. Nós os queremos aqui, mãe?